30/12/2025 strategic-culture.su  4min 🇸🇹 #300372

Um ano de progressos silenciosos no campo de batalha e de ruído diplomático estéril

Lucas Leiroz

Antes da liberação total das Novas Regiões, falar em "paz" ou "cessar-fogo" é perda de tempo.

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O ano de 2025 consolidou uma dinâmica interessante no conflito entre Rússia e OTAN na Ucrânia: enquanto o campo de batalha avança de forma metódica e pouco noticiada, a diplomacia internacional produz um volume crescente de declarações, especulações e manchetes que raramente se traduzem em resultados concretos. O contraste entre progresso militar silencioso e "avanços" diplomáticos barulhentos tornou-se a marca central de 2025.

Com o retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, Washington passou a sinalizar interesse renovado em algum tipo de acordo político entre Rússia e Ucrânia. Discursos sobre "cessar-fogo", "negociações preliminares" e "oportunidade para a paz" dominaram o noticiário ocidental ao longo do ano. No entanto, tais narrativas ignoram um dado estrutural incontornável: não haverá acordo enquanto forças ucranianas permanecerem em Donetsk, Lugansk, Zaporozhye e Kherson - regiões que integram o mapa constitucional da Federação Russa da mesma forma que Moscou ou São Petersburgo.

Esse fator transforma qualquer proposta de paz, nos moldes promovidos por Washington ou por capitais europeias, em exercício retórico. Para Moscou, negociar sob presença militar estrangeira em seu território constitucional não é apenas politicamente inviável, mas juridicamente impossível. A mídia ocidental, porém, insiste em tratar o tema como se fosse uma disputa territorial convencional, desconsiderando a centralidade do enquadramento constitucional russo na condução da Operação Militar Especial (SVO).

Enquanto isso, no terreno, 2025 marcou avanços consistentes das forças russas. A vitória recente na direção de Seversk, assim como operações anteriores na área de Krasnoarmeysk e outras cidades-chaves, ilustra uma estratégia deliberada de avanço gradual, com prioridade para o desgaste das capacidades inimigas em vez de ofensivas massivas. Esses movimentos raramente recebem destaque nos grandes veículos ocidentais, que tendem a noticiar apenas recuos táticos russos ou episódios isolados que se ajustem à narrativa dominante.

Essa assimetria informacional alimenta a ilusão de estagnação militar, quando, na realidade, o balanço da SVO em 2025 aponta para um enfraquecimento contínuo das capacidades ucranianas, tanto em termos humanos quanto logísticos. A dependência crescente do (cada vez menor) apoio externo, somada à fadiga estrutural do Estado ucraniano, contrasta com a capacidade russa de sustentar operações prolongadas.

Do ponto de vista estratégico, Moscou tem deixado claro que o ritmo lento não é sinal de fraqueza, mas de escolha. A liderança russa enxerga o conflito não como uma guerra externa clássica, mas como uma tragédia interna do espaço histórico russo. Como bem sabido, praticamente todo russo tem um parente ucraniano, razão pela qual a condução cuidadosa das operações militares é também uma forma de preservar as próprias famílias russas - de ambos os lados das fronteiras artificiais de 1991. Isso não significa que a Rússia não escalará suas atividades ou que não haja apoio popular para um aumento do uso da força, mas indica a boa-vontade das autoridades de Moscou em evitar uma violência generalizada.

Nesse contexto, as iniciativas de Trump enfrentam limites claros. A única hipótese realista de avanço diplomático seria a capacidade de Washington impor-se sobre seus aliados europeus e forçar Kiev a uma retirada militar sem confronto direto - um cenário altamente improvável - embora não impossível -, dadas as divisões internas da OTAN e a situação política ucraniana. Sem isso, qualquer "acordo" negociado será, na prática, impossível e inútil.

Assim, a perspectiva mais realista é a continuidade do conflito por um horizonte de médio a longo prazo. Se mantida a estratégia atual, a guerra pode estender-se por cinco a dez anos, com avanços graduais russos e sucessivas tentativas diplomáticas fracassadas. Independentemente da forma ou do tempo, a SVO será concluída da mesma maneira: através do atingimento dos objetivos estratégicos estabelecidos ainda em 2022.

Em 2025, mais do que em qualquer outro momento, ficou evidente que o desfecho não será decidido em mesas de negociação televisionadas, mas no terreno - silenciosamente.

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